sexta-feira, 10 de agosto de 2012

O valor da amizade


"Diz uma lenda arabe que dois amigos viajavam pelo deserto
e em um determinado ponto da viagem discutiram.
Um esbofeteou o outro.
O ofendido, sem nada a dizer, escreveu na areia:

HOJE, MEU MELHOR AMIGO ME BATEU NO ROSTO.

Seguiram viagem e chegaram a um oasis,
onde resolveram tomar banho.
O que havia sido esbofeteado começou a afogar-se
sendo salvo pelo amigo.
Ao recuperar-se pegou um estilete e escreveu numa pedra:

HOJE, MEU MELHOR AMIGO SALVOU-ME A VIDA.

Intrigado, o amigo perguntou:

-Por que depois que te bati,
tu escreveste na areia e agora escreves na pedra?
Sorrindo, o outro amigo respondeu:
-Quando um grande amigo nos ofende,
devemos escrever na areia, onde o vento do
esquecimento e do perdão se encarrega de apagar,
porem quando nos faz algo grandioso, devemos gravar
na pedra da memoria do coração, onde vento nenhum
do mundo podera apagar ..."
Autor Desconhecido      


 

Anchin e Kiyohime

Mais uma história para vcs...

(Texto e desenhos: Claudio Seto)
Há muitos e muitos anos, havia um jovem monge chamado Anchin. Todos os anos, ele fazia uma peregrinação nos Caminhos de Kumano. Certa ocasião, quando se dirigia a um templo em Kumano, começou a escurecer, então ele procurou uma casa onde pudesse passar a noite. Encontrou uma aldeia chamada Hidaka e bateu à porta da primeira casa. Foi atendido por um senhor que era o administrador da aldeia.
– O senhor poderia me dar pousada por esta noite? Estava indo para um templo, quando fui surpreendido pelo entardecer.
O homem recebeu-o cordialmente. Ele tinha uma bela filha adolescente chamada Kiyohime. Anchin elogiou a beleza da garota e disse brincando que viria buscá-la depois de três anos para se casar com ela.
Na manhã seguinte, Anchin seguiu em peregrinação.
Três anos se passaram e Anchin novamente estava fazendo a peregrinação pelos Caminhos de Kumano. Por coincidência, quando passava próximo da aldeia, o tempo fechou e começou a escurecer. Lembrando que já conhecia o administrador local, foi pedir hospedagem.
O monge já nem se lembrava da menina Kiyohime, mas, ao vê-la na casa do administrador, a lembrança voltou à mente do monge. Ao mesmo tempo, o religioso ficou muito surpreso ao constatar que ela havia se transformado em uma bela mulher.
Anchin já havia pegado no sono quando foi despertado pela presença de Kiyohime ao lado de seu leito. Ela se atirou em seus braços e disse emocionada.
– Obrigada por ter vindo me buscar. Esperei tanto por esse momento que, durante três longos anos, fiquei contando os dias à sua espera.
Foi uma noite de amores ardentes. Ao despertar, na manhã seguinte, Anchin, caiu em si. Como bonzo, estava proibido de se casar. Mas não teve coragem de contar a verdade para Kiyohime. Prometeu a ela que iria até o templo em Kumano e na volta passaria lá para assumir compromisso matrimonial com ela.
Na tarde deste dia, Anchin chegou ao templo. Como estava com a cabeça nas nuvens, Osho-san, o monge superior, logo percebeu que ele estava pensando em alguma mulher. Por isso, aconselhou-o que meditasse bastante antes de fazer alguma bobagem.
Anchin meditou muito e finalmente disse para si mesmo:
– Eu sou um bonzo. Não posso querer Kiyohime. Regressarei por outro caminho para não me encontrar com ela. E assim fez.
Enquanto isso, Kiyohime, preocupada, se perguntava:
– Por que Anchin não volta do templo?
Ela decidiu ir ao seu encontro. Perguntou para um peregrino que passava por ali se ele não havia visto um monge e fez a descrição de seu tipo físico.
– Sim, eu o vi no templo, ele tomou outro caminho para retornar a sua cidade.
– Não posso crer. Ele havia prometido que viria ao meu encontro – disse Kiyohime surpresa e quase chorando.
Ela correu muito para alcançar Anchin e chegou a vê-lo na travessia do Rio Hidaka.
– Anchin, me espere! Anchin, me espere! – ela gritou com toda a força de seus pulmões.
Ao vê-la, Anchin disse:
– Remador, rápido, zarpe o bote.
Kiyohime surpreendeu-se e ficou sem entender porque ele estava fugindo.
Ela ficou muito triste, e seu amor transformou-se em ódio.
– O rato entrou no rio e desapareceu. Somente uma serpente aquática pode acabar com um rato da água.
Kiyohime estava com tanto ódio, que mergulhou no rio para tentar atravessá-lo a nado. Pessoas que estavam na beira do rio ficaram pasmas com o gesto impensado de Kiyohime. Naquele rio, a correnteza era tanta que era impossível atravessá-lo nadando. Testemunhas contaram mais tarde que a moça atravessou o rio nadando e, quando surgiu na outra margem, havia se transformado em uma enorme serpente. Dizem que o desejo de sua mente moldou seu corpo, transformando-o numa serpente aquática. Assim que a transformação se completou, mergulhou no rio e foi nadando atrás do bote onde estava o monge fujão.
Anchin desembarcou do bote e refugiou-se no Templo Dodoji (atualmente na província de Wakayama).
– Socorro, socorro, escondam-me por favor!
Os monges do templo, mesmo sem saber de que se tratava, abaixaram um enorme e pesado sino, ocultando Anchin em seu interior.
A serpente subiu a escadaria e encontrou o sino.
Anchin rezava desesperadamente.
A serpente se enrolou no grande sino, jorrando chamas de sua enorme boca.
O sino começou a esquentar, esquentar, até que o metal avermelhou completamente e deformou-se, derretendo um dos lados. Em seu interior, com o calor, Anchin morreu assado.
Os monges de Dodoji fizeram o enterro de Anchin. Após a tragédia, encomendaram a fundição de um novo sino e determinaram que nenhuma mulher poderia se aproximar de sua plataforma.
O tempo passou, e o novo sino chegou ao Templo Dodoji. Foi preparada uma grande festa para instalação do sino com a participação da comunidade local, porém a cerimônia de intronização estava proibida para mulheres. Entretanto, durante a cerimônia, uma bela jovem veio pedir que a deixassem fazer um número de dança clássica para dar mais brilho ao grande evento. Dada a permissão, ela foi dançando em direção ao sino e, embora tivesse sido proibido, tocou nele. Empurrando-o com uma força sobrenatural e levantando um de seus lados, a jovem entrou dentro do sino.
Em seu interior, ela se transformou numa serpente gigante e, soltando fogo pela boca, fez o sino avermelhar em brasa. Assim, Kiyohime morreu como seu amado Anchin.
Dizem que, tempos depois, Anchin e Kiyohime apareceram abraçados e felizes em sonhos dos monges do Templo Dodoji. Eles teriam aparecido para desculpar-se pelos transtornos que haviam causado. Contaram que estavam felizes, pois haviam encontrado caminhos a seguir na Sutra de Lótus.

Origem da estrela-do-mar

 Lenda da provincia de Okinawa
Uma antiga lenda da província de Okinawa conta que, certa vez, o Deus estrela polar e a Deusa cruzeiro do sul resolveram trazer vida para a terra. Então, quando a Deusa cruzeiro do sul estava pronta para dar à luz, ela perguntou ao Deus Poderoso do céu onde poderia ter seus bebês.
O Deus poderoso do céu olhou para a terra e avistou uma pequena ilha chamada Taketomi-jima, onde existia, ao sul, um belo mar de coral. Então, ele disse à deusa Cruzeiro do Sul : – Vá ao lado sul de Taketomi-jima, pois lá existe uma praia com águas mornas e ondas mansas, isso será muito bom para seus bebês.
Assim, a Deusa cruzeiro do sul desceu da alta planície celeste e dirigiu-se à ilha, conforme sugerira o deus poderoso do céu. Lá chegando, deu à luz a várias estrelinhas cintilantes. A Deusa estava muito feliz, pois realmente aquela praia tinha a água morna e uma temperatura perfeita para que suas filhas pudessem passar os primeiros anos de suas vidas.
– Assim que crescerem, elas subirão a alta planície celeste para se encontrar comigo e viveremos cintilantes no céu.disse a Deusa retornando ao seu lugar.
Entretanto, o deus sete dragões do mar ficou irritado, porque a Deusa cruzeiro do sul não lhe pediu permissão e usou a praia para parir seus filhos. Ele então chamou uma das suas serviçais, a dona serpente gigante, e ordenou:
– Não admito que ninguém dê à luz em meu oceano sem minha permissão. Vá e devore todos os bebês que encontrar na região sul da ilha.
A dona Serpente Gigante, obediente à ordem de seu amo, engoliu todos os bebês da Deusa cruzeiro do sul com sua enorme bocarra, matando-os todos. Em seguida, cuspiu seus corpos.
As estrelinhas mortas flutuaram no mar até alcançarem uma praia chamada Higashi Misaki, no lado leste da ilha Taketomi. As estrelinhas, empurradas pelas ondas, pararam na praia e ficaram com o corpo salpicado de areia. Nessa localidade, havia um santuário onde vivia a semideusa Amável. Quando encontrou as estrelinhas sem vida, Amável sentiu muita pena delas e levou-as para o santuário.
- Oh! Pobres estrelinhas, vou colocá-las no incensório. Assim, quando os aldeões vierem me trazer oferendas durante o festival e queimarem os incensos, suas almas poderão subir ao céu junto à fumaça. Lá, na Alta Planície Celeste, poderão reencontrar sua mãe.
Conforme a semideusa amável planejou, quando chegou o dia do festival, os aldeões queimaram muitos incensos e as almas dos bebês-estrelas subiram ao céu levadas pelas fumaças.
Esta é a origem lendária da estrela-do-mar. Em Taketomi-jima, apesar de séculos terem se passado, ainda hoje é possível encontrar estrelas-do-mar com corpos salpicados de areia nas belas praias que ficam ao sul da ilha de Okinawa. Elas são conhecidas como Hoshi-suna (estrelas de areias), nome que nasceu em referência a esta lenda.
Fonte : http://nipocultura.blogspot.com/