As lendas brasileiras
As lendas são histórias populares, que vão passando de geração em geração através de narrativas orais ou escritas.
A Erva-Mate
Diz a
lenda que toda tribo tinha partido para a guerra. Mas um homem, por
causa de sua idade avançada, teve que ficar. E ele ficou chorando no
alto de uma colina, vendo os jovens guerreiros partirem. Ele se lembrava
de quando ele era um valente guerreiro e como, agora, estava fraco e
envelhecido. Sua única alegria era sua filha Iari. Ela já tinha recusado
muitos pedidos de casamento para ficar ao lado do velho pai. Um dia,
chegou ao rancho do velho guarani um viageiro estranho: com roupas
coloridas e olhos lembrando o azul do céu longínquo. O velho
logo percebeu que o homem vinha de muito longe e recebeu o viageiro com
amizade. Iari foi buscar os melhores frutos da floresta e o mel mais
doce das abelhas. O velho índio, com os olhos cerrados para melhor
lembrar histórias de um mundo afastado no tempo, recordava episódios de
sua mocidade. Tudo era feito para que as horas que o estrangeiro
passasse naquele rancho fossem agradáveis. No outro dia, com o sol
raiando, o viajante já estava pronto para partir. Dirigiu-se então ao
velho índio e disse: - Você é uma pessoa muito boa. E a sua bondade merece
ser recompensada. Eu sou um mensageiro de Tupã, espírito do bem. Pede o
que quiser e eu lhe darei. - Nada mereço pelo que fiz, senhor! -
respondeu o guarani. Mas gostaria de um companheiro para a minha
velhice, para que minha filha Iari pudesse casar e formar sua própria
família. É só o que eu peço: um amigo fiel que fique comigo e me dê
ânimo. O mensageiro de Tupã sorriu. Em suas mãos brilhava uma planta
repleta de folhagens verdes. O viageiro entregou a planta ao velho e
disse: - Deixa crescer esta planta e bebe de suas folhas que
você vai ter o companheiro que tanto deseja. Esta erva traz em si a
força de Tupã e trará conforto para todos os homens de tua tribo. E Iari
será a protetora das florestas. As caminhadas de guerra serão menos
cansativas e os dias de descanso mais felizes. E desde então, Caá-Iari é
senhora dos ervais e deusa dos ervateiros.
A Mandioca
Em
uma certa tribo indígena a filha do cacique ficou grávida. Quando o
cacique soube deste fato ficou muito triste, pois sonhava que a sua
filha iria se casar com um forte e ilustre guerreiro, no entanto, ela
estava esperando um filho de um desconhecido. À noite, o cacique sonhou
que um homem branco aparecia em sua frente e dizia para que ele não
ficasse triste, pois sua filha não o enganará, ela continuava sendo
pura. A partir deste dia o cacique voltou a ser alegre e a tratar bem
sua filha. Algumas luas se passaram e a índia deu
a luz a uma linda menina de pele muito branca e delicada, que recebeu o
nome de MANI. Mani era uma criança muito inteligente e alegre, sendo
muito querida por todos da tribo. Um dia, em uma manhã ensolarada, Mani
não acordou cedo como de costume. Sua mãe foi acordá-la e a encontrou
morta. A índia desesperada resolveu enterrá-la dentro da maloca. Todos
os dias a cova de Mani era regada pelas lágrimas saudosas de sua mãe. Um
dia quando a mãe de Mani foi até a cova para regá-la novamente com suas
lágrimas, percebeu que uma bela
planta havia nascido naquele local. Era uma planta totalmente diferente
das demais e desconhecida de todos os índios da floresta. A mãe de Mani
começou a cuidar desta plantinha com todo carinho, até que um dia
percebeu que a terra à sua volta apresentava rachaduras. A índia
imaginou que sua filha estava voltando á vida e, cheia de esperanças,
começou a cavar a terra. Em lugar de sua querida filhinha encontrou
raízes muito grossas, brancas como o leite, que vieram a tornar-se o
alimento principal de todas as tribos indígenas. Em sua homenagem deram o
nome de MANDIOCA, que quer dizer Casa de Mani.
MuiraQuitã
Antigamente
havia uma tribo de mulheres guerreiras, as ICAMIABAS, que não tinham
marido e não deixavam ninguém se aproximar de sua taba. Manejavam o arco
e a flecha com uma perícia extraordinária. Parece que Iací , a lua, as
protegia. Uma vez por ano recebiam em sua taba os guerreiros Guacaris,
como se fossem seus maridos. Se nascesse uma criança masculina era
entregue aos guerreiros para criá-los, se fosse uma menina ficavam com
ela. Naquele dia especial, pouco antes da meia - noite, quando a lua
estava quase a pino, dirigiam-se em procissão para o lago, levando nos
ombros potes cheios
de perfumes que derramavam na água para o banho purificador. À meia-
noite mergulhavam no lago e traziam um barro verde, dando formas
variadas: de sapo, peixe, tartaruga e outros animais. Mas é a forma de
sapo a mais representada por ser a mais original. Elas davam aos
Guacaris, que traziam pendurados em seu pescoço, enfiados numa trança de
cabelos das noivas, como um amuleto. Até hoje acredita-se que o
Muiraquitã traz felicidades a quem o possui, sendo, portanto,
considerado como um amuleto de sorte.
Os Diamantes
Segundo
a lenda, um casal de índios vivia, juntamente com sua tribo, à beira de
um rio da região Centro-Oeste. Ele, um guerreiro poderoso e valente,
chamava-se Itagibá, que significa "braço forte". Ela, uma jovem e bela
moça, tinha o nome de Potira, que quer dizer "flor". Viviam os dois
muito felizes, quando sua tribo foi atacada por outros selvagens da
vizinhança. Começou a guerra e Itagibá teve que acompanhar os outros
guerreiros que iam lutar contra o inimigo. Quando se despediram, Potira
não deixou cair uma só lágrima, mas seguiu, com o olhar muito triste, o
marido que
se afastava em sua canoa que descia o rio. Todos os dias, Potira, com
muita saudade, ia para a margem do rio, esperar o esposo. Passou-se
muito tempo. Quando os guerreiros da tribo regressaram à sua taba,
Itagibá não estava entre eles. Potira soube, então, que seu marido
morreu lutando bravamente. Ao receber essa notícia, a jovem índia chorou
muito. E passou o resto da vida a chorar. Tupã, o deus dos indíos,
ficou com dó e transformou as lágrimas de Potira em diamantes, que se
misturaram com a areia do rio. É por isso, dizem, que os diamantes são encontrados entre os cascalhos e areias do rio. Os diamantes são as lágrimas de saudade e de amor da índia Potira.
O Fogo
Esta
lenda e representada por Minarã, índio que guardava somente para si os
segredos do fogo e somente havia uma lareira em toda a terra conhecida
pelos Caiangangues. A luz e o calor vinham só do sol. Não havia recurso
contra o frio e os alimentos eram comidos crus. Sua cabana era
constantemente vigiada e sua filha, Iaravi, era quem mantinha o fogo
sempre aceso. Os Caiangangues, porém, não desistiam de saber o segredo
do fogo também. Necessitavam do fogo para sua sobrevivência e não se
conformavam com a atitude egoísta de Minarã. Foi assim que Fiietó,
inteligente e astuto
jovem da tribo, decidiu tirar de Miranã o segredo do fogo. Transformado
em gralha branca- Xakxó- partiu voando para o local da cabana e viu que
Iaravi banhava-se na águas do Gôio-Xopin, rio largo e translúcido.
Fiietó lançou-se no rio e deixou-se levar pela correnteza disfarçado de
gralha. A jovem índia fez o que Fiietó previa. Pegou a gralha e levou-a
para dentro da cabana e colocou-a junto à lareira. Quando secou suas
penas, a gralha pegou uma brasa e fugiu. Minarã, sabendo do ocorrido,
perseguiu a gralha que se escondeu numa toca entre as
pedras. Minarã chuçou a toca até que viu a vara ficar manchada de
sangue. Pensando que havia matado Xakxó, regressou contente à sua
cabana. De fato, a vara ficou manchada de sangue porque Fiietó, esperto,
esmurrara seu próprio nariz para enganar o índio egoísta. Saindo de seu
esconderijo, a gralha voou até um pinheiro. Ali reacendeu a brasa quase
extinta e com ela incendiou um ramo de sapé levando-o também no bico.
Mas com o vento, o ramo incendiou-se cada vez mais e, pesado, caiu do
bico de Xakxó. Ao cair atingiu o campo e propagou-se para as
matas e florestas distantes. Veio a noite e tudo continuou claro como o
dia. Foi assim dias e dias. De todas as partes vieram índios que nunca
tinham visto tamanho espetáculo e cada um levou brasas e tições para
suas casas.
O Peixe-Boi
Para
explicar a origem do Peixe-Boi os índios contavam uma lenda que dizia
que em uma certa tribo indígena, habitante do vale do Rio Solimões, no
Amazonas, foi realizada uma grande festa da moça nova e pela ação de
Curumi. O pajé mandou que a moça nova e o Curumi mergulhassem nas águas
do rio. Quando mergulharam o pajé jogou, em cima de cada um deles, uma
tala de canarana. Quando voltaram à tona já haviam se transformado em
PEIXE-BOI.
A partir deste casal nasceram todos os outros peixes-boi. É por esse motivo que eles se alimentam de canarana.
Os Rios
A
origem dos rios Xingu e Amazonas também faz parte do imaginário
indígena. Dizem que antigamente era tudo seco. Juruna morava dentro do
mato e não tinha água nem rio. Juriti era a dona da água, que a guardava
em três tambores.
Os
filhos de Cinaã estavam com sede e foram pedir água para o passarinho,
que não deu e disse: "Seu pai é Pajé muito grande, porque não dá água
para vocês?" Aí voltaram para casa chorando muito. Cinaã perguntou
porque estavam chorando e eles contaram.
Cinaã
disse para eles não irem mais lá que era perigoso, tinha peixe dentro
dos tambores. Mas eles foram assim mesmo e quebraram os tambores. Quando
a água saiu, Juriti virou bicho. Os irmãos pularam longe, mas o peixe
grande que estava lá dentro engoliu Rubiatá (um dos irmãos) , que ficou
com as pernas fora da boca.
Os
outros dois irmãos começaram a correr e foram fazendo rios e cachoeiras.
O peixe grande foi atrás levando água e fazendo o rio Xingu.
Continuaram até chegar no Amazonas. Lá os irmãos pegaram Rubiatá, que
estava morto. Cortaram suas pernas, pegaram o sangue e sopraram. Rubiatá
virou gente novamente. Depois eles sopraram a água lá no Amazonas e o
rio ficou muito largo. Voltaram para casa e disseram que haviam quebrado
os tambores e que teriam água por toda a vida para beber.
Tamba-Taja
Na
tribo Macuxi havia um índio forte e muito inteligente. Um dia ele se
apaixonou por uma bela índia de sua aldeia. Casaram-se logo depois e
viviam muito felizes, até que um dia a índia ficou gravemente doente e
paralítica. O índio Macuxi, para não se separar de sua amada, teceu uma
tipóia e amarrou a índia à sua costa, levando-a para todos os lugares em
que andava. Certo dia, porém, o índio sentiu que sua carga estava mais
pesada que o normal e, qual não foi sua tristeza, quando desamarrou a
tipóia e constatou que a sua esposa
tão querida estava morta. O índio foi à floresta e cavou um buraco à
beira de um igarapé. Enterrou-se junto com a índia, pois para ele não
havia mais razão para continuar vivendo. Algumas luas se passaram.
Chegou a lua cheia e naquele mesmo local começou a brotar na terra uma
graciosa planta, espécie totalmente diferente e desconhecida de todos os
índios Macuxis. Era a TAMBA-TAJÁ, planta de folhas triangulares, de cor
verde escura, trazendo em seu verso uma outra folha de tamanho
reduzido, cujo formato se assemelha ao órgão genital feminino. A união
das duas folhas simboliza
o grande amor existente entre o casal da tribo Macuxi. O caboclo da
Amazônia costuma cultivar esta curiosa planta, atribuindo a ela poderes
místicos. Se, por exemplo, em uma determinada casa a planta crescer
viçosa com folhas exuberantes, trazendo no seu verso a folha menor, é
sinal que existe muito amor naquela casa. Mas se nas folhas grandes não
existirem as pequeninas, não há amor naquele lar. Também se a planta
apresenta mais de uma folhinha em seu verso, acredita-se então que
existe infidelidade entre o casal. De qualquer modo, vale a pena
cultivar em casa um pezinho de TAMBA-TAJÁ.
Diz a
lenda que uma linda jovem da cidade de Anan tinha como diversão
predileta fazer penar duras paixões em numerosos admiradores. Por um
sorriso de Hoan-Lan, era este o seu nome, o jovem Kien-Su tinha
cinzelado o ouro mais fino e trabalhado com infinita paciência as mais
lindas pegas de jade. Depois de adornar-se com todos os presentes, a
ingrata Hoan-Lan riu-se do rapaz. Desesperado, Kien-Su acabou com a
própria vida, jogando-se no Rio Vermelho. Assim foi com vários
pretendentes, como o pintor Nzuyen-Ba, que penetrou selva adentro,
Ma-Da, que se envenenou e Cunz-Lie,
que enlouqueceu. Todos por terem sido desprezados por Hoan-Lan. Um
certo dia, o poderoso deus das cinco flechas decidiu castigar a maldade
da bela mulher. O castigo escolhido foi fazer com que ela se apaixonasse
perdidamente pelo belo Mun-Say. E assim aconteceu: em seu leito de
nácar e sedas bordadas, Hoan-Lan desesperava-se com a indiferença de
Mun-Say, que sempre respondia: - Não me interessas, rapariga. És como
todas as outras, não serve nem para atar as fitas da sandália da mulher
que amo. Perturbada, Hoan-Lan foi procurar o deus da montanha de
Tan-Vien, no meio de uma
noite escura. Ao chegar junto ao trono de ônix do poderoso gênio, ela
prostrou-se e implorou: - Cura-me pois sofro horrorosamente. Amo Mun-Say
e ele me despreza. - É justo o castigo, respondeu o gênio, porque tens
feito o mesmo aos teus apaixonados. Vai-te daqui. Nada conseguirá. Na
saída do templo, Hoan-Lan encontrou-se com uma bruxa de pés de cabra. -
Formosa jovem, disse a bruxa, sei que és muito desgraçada. Queres
vingar-te de Mun-Say? Vende-me tua alma e juro-te que mesmo que nunca te
ame, Mun-Say não amará outra mulher. Hoan-Lan aceitou o contrato. A bruxa
fez um feitiço com uma folha de palmeira e enterrou-a. Pronunciou então
umas palavras desconhecidas e desapareceu. Um dia, vendo de longe seu
amado Mun-Say, Hoan-Lan correu para ele e, quando se preparava para
abraçá-lo, o jovem transformou-se numa árvore de ébano. Nesse momento,
apareceu a bruxa que, soltando uma gargalhada, disse a Hoan-Lan. - Dessa
maneira, o teu amado, embora nunca te ame, jamais será de outra mulher.
- Bruxa infame, exclamou a jovem, que fizeste ao meu adorado?
Devolva-me ou mate-me. - Contratos são contratos, replicou a bruxa.
Cumpri o que prometi. Tua alma me pertence.
E, soltando uma última gargalhada, desapareceu. Hoan-Lan caiu chorando
ao pé da árvore: "Perdoa-me, Mun-Say. Tenha para mim uma só palavra de
amor, de indulgência, de compaixão. Não vês como me arrasto a teus pés,
como sofro?" Mas a árvore nada respondia. Ela ficou parada ali durante
muito tempo. Um dia, passou por lá um gênio que se compadeceu de sua
dor. Acercando-se dela, colocou um dedo em sua testa e disse: - Mulher,
procedeste muito mal, mas tua dor purificou tua alma. Estás perdoada e
vai deixar de sofrer. Antes que a bruxa venha buscar tua alma, vou
converter-te numa flor. Ficarás sendo, no entanto, esquisita e
requintada, revelando o que foi tua vida maldosa. Quem vir tuas pétalas
facilmente adivinhará o que foi teu espírito caprichoso, volúvel e
cruel, a tua preocupação constante com a elegância. Concedo-te um bem:
não te separarás do bem que adoras e viverás de tua seiva, parasita do
teu amado. Enquanto o gênio falava, a túnica rósea de Hoan-Lan ia
empalidecendo e tomando uma delicada cor lilás. Os olhos da jovem
brilhavam como pontos de ouro e suas carnes tomaram a tonalidade de
nácar. Os seus formosos braços enrolaram-se na árvore, numa derradeira súplica. E foi assim que apareceu a primeira orquídea no mundo.
A Lua
Naquele
tempo não existiam estrelas ou lua. E a noite era tão escura que todos
se encolhiam dentro de casa com medo dela. Na tribo, só uma índia não
tinha medo. Ela era uma índia clara e muito bonita, mas era diferente
das outras. E por ser diferente, nenhum índio queria namorar com ela, e
as índias não conversavam com ela. Sentindo-se só, começou a andar pelas
noites. Todos ficavam surpresos com aquilo, e quando ela voltava, dizia
a todos que não havia perigo. Mas havia outra índia, feia e escura, que
ficou com inveja da índia clara. E
por isso, tentou sair uma noite também. Mas não conseguiu enxergar na
escuridão e tropeçou nas pedras, cortou os pés nos gravetos e se
assustou com os morcegos. Cheia de raiva, foi conversar com a cascavel. -
Cascavel, quero que morda o calcanhar da índia branca para que ela
fique escura, feia e velha, e que ninguém mais goste dela. Na mesma
hora, a cascavel se pôs a esperar a índia clara. Quando ela passou, deu o
bote. Mas a índia tinha os pés calçados com duas conchas e os dentes da
cobra se quebraram. A cobra começou a amaldiçoá-la
e a índia perguntou porque ia fazer aquilo com ela. A cascavel
respondeu: - Porque a índia escura mandou. Ela não gosta de você e quer
que você fique escura, feia e velha. A índia branca ficou muito triste
com tudo aquilo. Não poderia viver com pessoas que não gostassem dela. E
não agüentava mais ser diferente dos outros índios, tão branca e sem
medo do escuro. Então, fez uma linda escada de cipós e pediu para que
sua amiga coruja a amarasse no céu. Subiu tanto, que ao chegar ao céu
estava exausta. Então dormiu numa nuvem e se transformou
num belíssim astro redondo e iluminado. Era a lua. A índia escura olhou
para ela e ficou cega. Foi se esconder com a cascavel em um buraco. E
os índios adoraram a lua, que iluminava suas noites, e sonharam em
construir outra escada para poder ir ao céu encontrar a bela índia.
O Açai
Há
muito tempo atrás, quando ainda não existia a cidade de Belém, vivia
neste local uma tribo indígena muito numerosa. Como os alimentos eram
escassos, tornava-se muito difícil conseguir comida para todos os índios
da tribo. Então o cacique Itaki tomou uma decisão muito cruel. Resolveu
que a partir daquele dia todas as crianças que nascessem seriam
sacrificadas para evitar o aumento populacional de sua tribo. Até que um
dia a filha do cacique, chamada IAÇÃ, deu à luz uma bonita menina, que
também teve de ser sacrificada. IAÇÃ ficou desesperada, chorava todas as
noites de saudades de sua filhinha.
Ficou vários dias enclausurada em sua tenda e pediu à Tupã que
mostrasse ao seu pai outra maneira de ajudar seu povo, sem o sacrifício
das crianças. Certa noite de lua IAÇÃ ouviu um choro de criança.
Aproximou-se da porta de sua oca e viu sua linda filhinha sorridente, ao
pé de uma esbelta palmeira. Inicialmente ficou estática, mas logo
depois, lançou-se em direção à filha, abraçando - a . Porém
misteriosamente sua filha desapareceu. IAÇÃ, inconsolável, chorou muito
até desfalecer. No dia seguinte seu corpo foi encontrado abraçado ao
tronco da palmeira, porém no rosto trazia ainda um sorriso
de felicidade e seus olhos negros fitavam o alto da palmeira, que
estava carregada de frutinhos escuros. Itaki então mandou que apanhassem
os frutos em alguidar de madeira, obtendo um vinho avermelhado que
batizou de AÇAÍ, em homenagem a sua filha (IAÇÃ invertido). Alimentou
seu povo e, a partir deste dia, suspendeu sua ordem de sacrificar as
crianças.
O guaraná
É
representada por uma criança que uma tribo de índios da Amazônia que
acreditava era conhecida por ter muitos índios fortes e corajosos, por
sempre ter muita caça e uma plantação maravilhosa. Os índios da tribo
eram muito felizes, e acreditavam que toda aquela sorte era por causa do
jovem filho do cacique. A criança era cercada de cuidados e sempre
tinha gente vigiando para que nenhum mal lhe acontecesse. Mas um dia, os
guerreiros se descuidaram e o menino saiu para brincar na floresta.
Índios de uma tribo inimiga, com muita inveja da sorte dos índios da
outra aldeia,
aproveitaram a situação e chamaram o espírito do mal, Jurupaí. -
Jurupaí, espírito do mal! Nós precisamos de sua ajuda. - E o que vocês
querem de mim? - Queremos que acabe com a felicidade daquela tribo
inimiga. Mate o indiozinho filho do cacique! Jurupaí, que adorava fazer o
mal, transformou-se em cobra, procurou o menino e o picou. Os índios
encontraram-no morto, e choraram muito sua perda. Tristes, chemaram por
Tupã, espírito do bem. Tupã escutou as lamentações e veio em socorro da
tribo. - Vocês me chamaram e eu vim. Não se entristeçam por causa da
morte do indiozinho. Plantem seus
olhos na terra fofa e reguem com suas lágrimas. Assim, o menino, e a
sorte que ele trazia, continuarão com vocês! Assim os índios fizeram. Em
poucos dias, nasceu um plantinha travessa, que logo cresceu e deu
frutos. E seus frutos pareciam os olhos do pequeno menino. Aquela
frutinha continuou dando sorte para a tribo, fortalecendo os fracos,
conservando os jovens e rejuvenescendo os velhos. Era o guaraná.
Fonte:http://www.potyguar.com.br
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