segunda-feira, 2 de abril de 2012

Diversas lendas - 2


Os Saltos do Iguaçu

As lendas são histórias populares, que vão passando de geração em geração através de narrativas orais ou escritas.


Os índios Caiangangues, que habitavam as margens do rio Iguaçu, acreditavam que o mundo era governado por Mboi, um deus que tinha a forma de uma serpente e era filho de Tupã, o deus supremo. O cacique da tribo, o guerreiro Igobi, tinha uma filha de nome Naipi, a índia mais bonita da tribo. Era costume entre esses índios consagrar a jovem mais bonita da tribo ao deus serpente, passando ela a viver a serviço de seu culto. Naipi foi escolhida para servir ao seu deus. Mas havia entre os Caiangangues um forte guerreiro, jovem e valente, chamado Tarobá, que se apaixonou por Naipi. Um dia foi anunciada a festa da consagração da jovem índia. Enquanto o pajé e os caciques bebiam cauim, bebida feita de milho fermentado, e os guerreiros dançavam, Tarobá raptou a formosa Naipi. Fugiu com ela rio abaixo numa canoa que era rapidamente arrastada pela correnteza das águas. Quando Mboi, o deus serpente, ficou sabendo que Naipi tinha desaparecido, ficou muito bravo e se escondeu debaixo da terra. Isso fez com que a terra rachasse e naquele ponto se abriu uma extensa e terrível catarata. Na queda, de oitenta metros de altura, a pequena canoa desapareceu para sempre. Naipi foi transformada em uma das grandes rochas centrais das cachoeiras. Tarobá virou uma árvore, a beira do abismo, inclinada sobre as gargantas do rio. Bem debaixo de seus pés encontra-se a entrada da gruta onde o vingativo deus espreita para sempre as duas vítimas. Assim os indígenas explicavam a origem dos Saltos do Iguaçu.

O Urubu e a Tartaruga

Diz a lenda que Nossa Senhora deu uma festa no céu e convidou todos os bichos. Mas, o transporte dos convidados era uma grande dificuldade. Os peixes podiam subir pelo arco-íris. As borboletas, os besouros e outros insetos seriam levados pelo vento. As aves só tinham que bater as asas, chegar até as nuvens e entrar no céu. Mas, com os outros animais, a história era outra. Houve, no reino da bicharada, uma grande discussão. Por fim ficou combinado que grupos de aves diferentes ficariam responsáveis pelo transporte de animais como: porcos-do-mato, veados, onças, pacas, cutias, lontras e tamanduás. Foram centenas de aves cumprindo sua tarefa: porcos, tatus, capivaras, além de outros bichos, eram levados para poderem chegar ao céu. De repente, a tartaruga gritou, com toda sua força: - E eu?? Quem vai me levar para o céu? Ninguém se ofereceu para levá-la. Todos diziam que a tartaruga era muito grande, pesada e desajeitada. O urubu, que passava por ali, bateu as asas e todo oferecido informou: - Eu levo essa tartaruga imensa pra cima !! Em meio à surpresa geral, disse: - Amiga, suba em minhas costas. Mas que disse que a tartaruga conseguia? Foi preciso um mutirão de bichos para fazer a pesadona equilibrar-se nas costas peladas do urubu. Quando conseguiram, o urubu abriu as asas que mais pareciam um velho guarda-chuva e partiu para o céu. Voou, voou e voou... Mas tartaruga é um bicho difícil de levar! Ora escorregava para a direita, ora para a esquerda. Meia hora depois, suando em bica, o urubu já tinha perdido a esperança de levar a "comadre" para o céu. Então, deu um golpe de asa e a pobre tartaruga despencou céu abaixo, furou as nuvens e foi esborrachar-se contra as pedras, espatifando toda a carapaça. O urubu, lá de cima, sacudiu os ombros: - Onde já se viu um animal tão desajeitado ir à festa no céu! E riu muito, sacudindo o pescoço pelado. Nossa Senhora que tinha visto tudo, não gostou nadinha. Resolveu castigar o urubu, que foi tão covarde. Condenou-o a só se alimentar de resto de animais mortos.
Porque os Galos cantam de madrugada Certo dia, sua majestade o Leão, deu uma grande festa, convidando todos os bichos. A festa era a mais bonita que se teve notícia até aquela data. Chegou o dia marcado, nenhum dos bichos queria faltar ao convite, muito menos perder a hora.
Quando amanheceu, o rei dos animais já tinha a casa cheia. Uma multidão! Nenhum dos convidados faltou, a não ser o Galo. Coitado, ele se esqueceu completamente do convite!
O leão percebeu sua ausência e ficou muito bravo. Imediatamente mandou os gambás buscá-lo. Os gambás entraram no galinheiro e fizeram o maior barulho para o galo acordar. Um dos gambás falou:
- Viemos te buscar por ordem do rei. O Galo coçou a cabeça.
- Ah! É verdade! Esqueci da festa e perdi a hora! - Por isso mesmo você será castigado.
- Perdão! Não me levem para lá! O que o Leão vai fazer comigo?
- Ainda pergunta? Ele vai te comer! Os gambás ameaçaram tanto que o Galo foi se encontrar com o rei. Chegando ao palácio do Leão, tremendo de medo, o galo foi recebido pelo rei, que soltou um urro de raiva: - Galo de uma figa! Por que você não veio na minha festa? Você vai pagar caro por isso!
- Não foi por querer, mas eu esqueci! Perdão!
- Tudo bem, seu castigo ia ser a morte. Mas já que você se humilhou, daqui para a frente, como castigo do seu esquecimento, não vai dormir depois da meia noite. Só dormirá após o pôr-do-sol e acordará logo depois. À meia noite você vai ter que cantar e quando amanhecer para mostrar que está alerta. Se, por acaso, não cantar nos horários combinados, você e sua família correrão o risco de ser comidos por outros animais ferozes. E o galo para não se esquecer de que tinha que cantar à meia-noite, cantou também ao meio dia. Dessa data em diante, passou a cumprir sua obrigação, cantando pela madrugada afora. E, quando canta, fecha os olhinhos, fazendo força para não esquecer de que tem que cantar outra vez, e canta de dia para se lembrar que tem cantar de madrugada.



A Besta Fera

 É representado por um ser metade homem metade cavalo que corre pelas ruas de lugares remotos em noites sem lua. Sua presença é pavorosa. Ninguém jamais se atreve a abrir as portas quando ele passa em desembalada carreira dando uivos e gritos horripilantes. O barulho dos seus cascos no chão, costuma deixar o mais valente dos homens de cabelo em pé. Por onde ele passa, no seu encalço seguem dezenas de cachorros fazendo um barulho infernal. O animal que se atreve a chegar mais perto é açoitado sem piedade. É um mito muito popular no Nordeste

Cabra Cabriola

 O mito do Bicho papão que ataca as crianças travessas, é bem antigo e remonta ao tempo da Idade Média na Europa. Na América Central, o Gulén Gulén Bo, é um negro que também assusta e come as crianças mal comportadas, e tem as mesmas características da nossa Cabriola.
No Brasil, deriva-se de um mito afro-brasileiro, onde acreditava-se tratar-se de um duende maligno que tomava a forma de uma cabra. Costumava atacar as mães quando estavam amamentando, bebiam seu leite direto nos seus seios, e depois devoravam as crianças. Além de Pernambuco, foram encontradas versões deste mito nos estados do Ceará e Pará.
A figura da Cabra Cabriola, também é mencionada na Espanha e Portugal. Possivelmente veio para o Brasil no tempo da colonização, e com a urbanização das cidades, ganhou folêgo. Também conhecido como Cabriola, Papão de Meninos, Bicho Papão, entre outros, a Cabra Cabriola, era uma espécie de Cabra, meio bicho, meio monstro. Sua lenda em Pernambuco, é do fim do século XIX e início do seculo XX.
Era uma Bicho que deixava qualquer menino arrepiado só de ouvir falar. Soltava fogo e fumaça pelos olhos, nariz e boca. Atacava quem andasse pelas ruas desertas às sextas a noite. Mas, o pior era que a Cabriola entrava nas casas, pelo telhado ou porta, à procura de meninos malcriados e travessos, e cantava mais ou menos assim, quando ia chegando:

Eu sou a Cabra Cabriola
Que como meninos aos pares
Também comerei a vós
Uns carochinhos de nada...

As crianças não podiam sair de perto das mães, ao escutarem qualquer ruído estranho perto da casa. Podia ser qualquer outro bicho, ou então a Cabriola, assim era bom não arriscar. Astuta como uma Raposa e fétida como um bode, assim era ela. Em casa de menino obediente, bom para a mãe, que não mijasse na cama e não fosse traquino, a Cabra Cabriola, não passava nem perto.
Quando no silêncio da noite, alguma criança chorava, diziam que a Cabriola estava devorando algum malcriado. O melhor nessa hora, era rezar o Padre Nosso e fazer o Sinal da Cruz.

Curupira ou Caipora

Personagem do folclore brasileiro, representado por um anão de cabeleira vermelha e dentes verdes. Embora sua descrição apareça com variações conforme a região, o curupira é sempre caracterizado pela posição invertida de seus pés, com os calcanhares para a frente, e por sua incrível força física. É considerado um protetor das plantas e animais das florestas e por isso costuma enganar os caçadores e viajantes, fazendo-os perder o rumo certo, assobiando ou dando sinais falsos.

Lobisomem

É um homem comum, mas nas noites de sexta-feira, quando é lua cheia, transforma-se numa espécie de lobo que invade galinheiros, devora cães e suga o sangue das crianças que encontra pelo caminho. Diz a lenda nordestina que se um casal tem sete filhos homens, o último vira Lobisomem ou, se forem sete mulheres e o oitavo for um homem, este será o Lobisomem. No Sul, acreditam que o filho gerado da união ilícita entre parentes é que vira Lobisomem e no Centro-Oeste, diz a crendice que se trata do indivíduo atacado de amarelão.

Mapinguari

É um fantástico ser da mata. Muito temido entre os caçadores e caboclos do interior do Estado, o Mapinguari costuma andar pela floresta emitindo gritos semelhantes aos desses homens. Mas se algum deles se aproxima, Mapinguari ataca e devora o caçador começando pela cabeça. Raramente conseguem sobreviver e, quando isso acontece, geralmente ficam aleijados ou com marcas horríveis pelo corpo.
Mapinguari tem o corpo todo coberto de pelos, com a aparência de um enorme macaco. Possui um único olho na testa e uma boca gigantesca que se estende até a barriga.

Matinta Pereira

 Mito que ocorre no Sul, Centro e Norte e Nordeste do Brasil. Para alguns, é uma variação da lenda do Saci. Também conhecido como Saia-Dela e Matinta. A Matinta Perêra é uma ave de vida misteriosa e cujo assobio nunca se sabe de onde vem. Dizem que ela é o Saci Pererê em uma de suas formas. Também assume a forma de uma velha vestida de preto, com o rosto parcialmente coberto. Prefere sair nas noites escuras, sem lua. Quando vê alguma pessoa sozinha, ela dá um assobio ou grito estridente, cujo som lembra a palavra: "Matinta Perêra..."
Para os índios Tupinambás esta ave, era a mensageira das coisas do outro mundo, e que trazia notícias dos parentes mortos. Era chamada de Matintaperera.
Para se descobrir quem é a Matinta Perêra, a pessoa ao ouvir o seu grito ou assobio deve convidá-la para vir à sua casa pela manhã para tomar café.
No dia seguinte, a primeira pessoa que chegar pedindo café ou fumo é a Matinta Perêra. Acredita-se que ela, possua poderes sobrenaturais e que seus feitiços possam causar dores ou doenças nas pessoas. Na região Norte, a Matinta Perêra, seria um pequeno índio, com uma perna só e com um gorro vermelho na cabeça, semelhante ao Saci, que só anda acompanhado por uma velha muito feia.
Esta é provavelmente uma adaptação da lenda do Saci. Inclusive o pássaro no qual ela se transforma chamada Matiapererê, que além de ser preta tem o costume de andar pulando numa perna só, é a mesma que entre os Tupinambás, com o tempo se transformou no moleque Saci.

Mula-sem-cabeça

Ente marcante personagem do folclore brasileiro, com várias histórias duvidosas sobre sua origem. Em geral, diz-se que a mula-sem-cabeça galopa sem parar, lança fogo pelas narinas e pela boca, relincha estridentemente e surge sempre à noite, nas sextas-feiras. Para que desapareça, é necessário arrancar-lhe o freio ou tirar-lhe sangue.

O Boto

Diz a lenda que o boto, peixe encontrado nos rios da Amazônia, se transforma em um belo e elegante rapaz durante a noite, quando sai das águas à conquista das moças. Elas não resistem à sua beleza e simpatia e caem de amores por ele. O Boto também é considerado protetor das mulheres, pois quando ocorre algum naufrágio em uma embarcação em que o boto esteja por perto, ele salva a vida das mesmas empurrando-as para as margens dos rios. As mulheres são conquistadas pelo boto às margens dos rios, quando vão tomar banho ou mesmo nas festas realizadas nas cidades próximas aos rios. Os Botos vão aos bailes e dançam alegremente com elas, que logo se envolvem com seus galanteios e não desconfiam de nada. Se apaixonam e engravidam deste rapaz. É por esta razão que ao Boto é atribuída a paternidade de todos os filhos de mães solteiras.

O Papa Figo

Personagem do folclore brasileiro, representado por um mendigo sujo, maltrapilho e com um saco às costas que costuma atrair crianças solitárias nas saídas das escolas, parques, e na rua, para depois lhes comer o fígado. Possui grande orelhas sempre escondidas, que dizem ser uma doença que só pode ser curada quando ele come o fígado de uma criança. Considerado uma verdadeira aberração da natureza sendo muito temido pelo interior do país e nos lugares mais afastados e que apesar da aparência decadente, o Papa Figo é na verdade, uma figura respeitada e muito rica que sofre de uma terrível maldição. De acordo com a tradição, após comer o fígado da criança, eles costumam deixar dentro da barriga da vítima, uma grande quantia em dinheiro para a família e para o enterro.


Romãozinho

 Os primeiros relatos do mito são do distrito de Boa Sorte, município de Pedro Afonso, em Goiás, e data do século XX. A lenda é conhecida no leste Bahia, em toda Goiás, parte do Mato Grosso e também na fronteira do Maranhão com Goiás. Alguns estudiosos dizem que o mito do Saci-pererê, deu origem a essa lenda. Também conhecido como Fogo Fátuo e Corpo-Sêco, diz a lenda que um menino filho de lavrador, e já nasceu vadio e malcriado. Adorava maltratar os animais e destruir plantas, sua maldade já era aparente.
Um dia, sua mãe mandou-o levar o almoço do pai que estava num roçado trabalhando. Ele foi, de má vontade é claro.
No meio do caminho, comeu a galinha inteira, juntou os ossos, e levou para o pai. Quando o velho viu o monte de ossos ao invés de comida, perguntou que brincadeira sem graça era aquela.
Romãozinho, ruim como era, querendo se vingar da mãe, que tinha ficado em casa lavando roupa, disse:
- Foi isso que me deram... Acho que minha mãe comeu a galinha com um homem vai lá quando o senhor não tá em casa, aí mandaram os ossos...
Louco de raiva, acreditando no menino, largou a enxada e o serviço, voltou para casa, puxou a peixeira e matou a mulher.
Morrendo a velha amaldiçoou o filho que estava rindo:
- Não morrerás nunca. Não conhecerás céu ou inferno nem descansarás, enquanto existir um único ser vivo na face da terra.
O marido morreu de arrependimento. Romãozinho sumiu, rindo ainda.
Desde então, o moleque que nunca cresce, anda pelas estradas, fazendo o que não presta; quebra telhas a pedradas, assombra gente, tira choco das galinhas. É pequeno, pretinho como o Saci, vive rindo, e é ruim.
Não morrerá nunca enquanto existir um humano na terra, e como levantou falso testemunho contra a própria mãe, nem no inferno poderá entrar. Há outras versões que dizem que a mãe do menino, fiava algodão no alpendre da casa, quando o marido chegou por trás dela e a matou.
O menino, também vira uma tocha de fogo que fica indo e vindo pelos caminhos desertos. Alguns dizem que ele é o próprio Corpo-Sêco, isto é, alma de gente tão ruim que nem o céu nem o inferno o deixaram entrar, por isso vaga pelo mundo assustando as pessoas.

Saci-pererê
O saci é uma entidade muito popular do folclore brasileiro. Trata-se de um negrinho de um perna só que fuma cachimbo e usa na cabeça uma carapuça vermelha que lhe dá poderes mágicos. Em muitas regiões do Brasil, o saci é considerado figura maléfica; em outras, aparece como figura alegre e brincalhona, divertindo-se com animais e pessoas, criando dificuldades domésticas ou assustando viajantes noturnos com seus persistentes e misteriosos assobios. O mito existe pelo menos desde o fim do século XVIII.


Sereia

A maioria dos povos possuem lendas envolvendo as sereias, seres mitológicos de natureza feminina e maléfica, que habitam mares e lagos atraindo os navegantes para a morte, por sua beleza ou por seu canto. No Brasil, a sereia é conhecida como Iara, nome de uma entidade tupi, também chamada de mãe-d’água. Metade mulher, metade peixe, Iara canta para atrair os pescadores, que morrem afogados, querendo acompanhá-la ao fundo do rio.

Uirapuru

Um jovem guerreiro apaixonou-se pela esposa do grande cacique. Como não poderia se aproximar dela, pediu à Tupã que o transformasse em um pássaro. Tupã transformou - o em um pássaro vermelho telha, que à noite cantava para sua amada. Porém foi o cacique que notou seu canto. Ficou tão fascinado que perseguiu o pássaro para prendê-lo. O Uirapuru voou para a floresta e o cacique se perdeu. À noite, o Uirapuru voltou e cantou para sua amada. Canta sempre, esperando que um dia ela descubra o seu canto e o seu encanto. É por isso que o Uirapuru é considerado um amuleto destinado a proporcionar felicidade nos negócios e no amor.

Vitória-Régia

Diz a lenda, que a vitória-régia nasceu de uma linda índia que se atirou nas águas do rio Amazonas. A índia era apaixonada pela lua e não se cansava de admirar seu reflexo nas águas . Até que um dia resolveu se unir à imagem refletida da lua e pulou no rio. A índia se transformou na vitória-régia, uma planta aquática originária da Amazônia e do Mato Grosso, que possui uma bela flor que só se abre à noite, como se esperasse a hora de admirar a lua.           

Fonte: http://www.potyguar.com.br

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