quinta-feira, 20 de maio de 2010

As crianças e a produção de escritas numéricas


Célia Maria C.Pires

Estudos recentes revelam que um bom ponto de partida do trabalho com números é exatamente a reflexão sobre “para que servem os números”. As funções dos números (cardinal, ordinal e código) podem aparecer em atividades em que os alunos possam reconhecer e utilizar o número como memória de quantidade - que permitem evocar uma quantidade sem que esta esteja presente, o que corresponde ao aspecto cardinal; ou ainda como memória de posição, que permite evocar um lugar numa lista ordenada, o que corresponde ao aspecto ordinal; ou ainda em situações em que o número aparece como “o nome”, como o número do telefone, o da placa de um carro, o que corresponde ao aspecto de código. Outra função do número é antecipar um resultado para situações em que dispõem de algumas informações.
Nesse caso, os alunos vão utilizar estratégias de contagem ou de cálculo. Para a elaboração de suas seqüências de atividades, é importante que o professor conheça resultados de investigações que dão pistas importantes para a compreensão dos processos de ensino e aprendizagem. Dentre elas, destacam-se as que evidenciam que as crianças constroem hipóteses sobre as escritas numéricas a partir de seu contato com números familiares ou aqueles que são freqüentes. Dentre os números familiares estão os que indicam o número de sua casa, de seu telefone, a data de seu aniversário etc. Os números como os que indicam o ano em que estamos (2007, 2008,..), ou o dia do mês (15, 18, 31), ou os canais de televisão são números freqüentes, comuns na vida das crianças. Com base nesse conhecimento ela vai se apropriando de outros também freqüentes, como 10, 20, 30, 40.. ou 100, 200, 300, 400.. Hoje, sabemos que as crianças são capazes de indicar qual é o maior número de uma listagem, mesmo sem conhecer as regras do sistema de numeração decimal.

Tamanho da escrita
Hoje, sabemos que as crianças são capazes de indicar qual é o maior números de uma listagem,sem conhecer as regras do sistema de numeração decimal.observam a quantidade de algarismos presentes em sua escrita e muitas vezes afirmam, por exemplo, que é maior que 98 porque tem mais “números”.
As crianças afirmam que quanto maior é a quantidade de algarismos de um número, maior o número.
Este critério de comparação funciona mesmo se a crianças não conhece “o nome” dos números que está comparando, é um critério que a criança elabora com base na interação com a numeração escrita. Embora a maioria das crianças use esse critério para comparação de números com 1,2,3 algarismos, elas ao generalizam rapidamente para todas as situações.

O primeiro é quem manda
Ao comparar o úmero 68 e 86, as crianças afirma que o 86 é maior porque o 8, que vem primeiro,é maior que 6. Ao comparar números de igual quantidade de algarismos, que “o maior é aquele com o maior, pois o primeiro é quem manda”.
Porém ainda ao percebem que o “primeiro é quem manda”, não percebam o agrupamento, elas identificam que a posição do algarismo no número cumpre um papel importante no nosso sistema de numeração, isto é um valor,depende do lugar em que está localizado em relação aos outros algarismos desse número.

Escrita associada à fala
Alguns recorrem á justaposição de escritas para escrever números, e as organizam de acordo com a fala. Assim, muitas vezes ,elas representam o 546,podem escrever 500406 ou 50046. A numeração falada, além de explicitar os algarismos que a compõem, utilizam as potências de 10 correspondentes a cada algarismo. As crianças afirmam, que “escrevem do jeito que a professora falou.”

Orientações Didáticas

A apropriação do sistema de numeração decimal consiste em um processo de construção que passará por sucessivas definições redefinições. O trabalho didático poderá estar pautado no uso social do número e de sua reflexão observando sua regularidades. Usar a numeração escrita é produzir e interpretar escritas numéricas e estabelecer comparações entre tais escritas, é também apoiar-se nelas para resolver ou representar operações.
Desse modo, as atividade de leitura, escrita, comparação e ordenação de notações numéricas devem tomar como ponto de partida os números que a criança conhece, criando-se um repertório de situações como por exemplo:

*Elaborar listas com números de telefones úteis, números de placas de carros;
*Preencher fichas onde cada um vai anotar os números referentes a si próprio, tais com idade, número do calçado, peso, altura, números de irmãos;
*O trabalho com calendário identificando o dia, mês e ano e registrando a data;
*Observar a numeração da rua onde moram, onde começa e onde termina, registrar o número da sua casa e dos vizinhos;
*Solicitar que façam aparecer no visor de uma calculadora, números escritos no quadro ou indicados oralmente.
*A importância do uso do quadro numérico se deve a possibilidade de identificação de regularidades, já que permite a comparação da escrita numérica, observando a quantidade de algarismos (dois,”dezes”,ou seja,dezenas),a ordem que estes aparecem no números,as semelhanças,o antecessor e sucessor como a ordenação ocorre, adicionando mais 1 (na linha) ou adicionando mais 10 (coluna).Detectar as regularidades é necessário, não só para avançar na compreensão do sistema; é imprescindível, também, para conseguir um uso cada vez mais adequado da notação convencional. As observações das regularidades são apropriadas pelas crianças quando favorecemos e garantimos a sua circulação, a reflexão estimula a autocrítica que por sua vez propiciará um olhar crítico sobre as escritas que usam como suporte a numeração falada.


Fonte: Site Educarede

Nenhum comentário:

Postar um comentário