O dia amanheceu chuvoso e frio. Esfregando os olhos ainda sonolenta, Fatinha vislumbrou algo estranho num canto de seu quarto. Depressa, ela pulou da cama para pegar aquele animalzinho todo ensopado de chuva. Era um gatinho cinzento, que vendo a menina se aproximar, tentou se esconder. Fatinha pegou o gato, que miando e esperneando, não desistia de fugir. A menina ralhou com ele: - Não faça barulho, meu gatinho, senão vovó ouve e dá bronca em nós dois! O animal pareceu entender pedido, pois logo ficou quieto e se aninhou nos braços da menina. Fatinha pegou uma toalha e começou a secar o gatinho. Enquanto fazia isto, ouviu o relógio da sala batendo sete horas. E se a vovó Catarina resolvesse vir chamá-la? A vovó não gostava de gatos. Ia dar a maior bronca. Fatinha ouviu passos no corredor. Ficou apavorada. Os passos foram se aproximando. Num segundo a porta se abriu e apareceu uma mulher morena. Era Lita, a mãe dela. - Bom-dia, filha! Está na hora do café! No mesmo instante, Lita viu que Fatinha escondia algo debaixo de uma toalha: - O que está escondendo aí, filha?
- Nada, mamãe!
- Fale a verdade, Fatinha!
- Mamãe...Fatinha começou a chorar. Lita abraçou-a, dizendo:
- Menina, você sabe que sua avó não gosta de gato!- Mamãe, ele estava todo molhado. Coitadinho! Entretidas com o gato, as duas não perceberam alguém vindo pelo corredor. De repente a porta do quarto se abriu e dona Catarina arregalou os olhos de surpresa.
- Um gato aqui? Lita correu ao encontro da avó, justificando:
- Vovó, esse gatinho estava...
- Vocês sabem que não gosto de gato. Menina, solta esse bicho bem longe daqui! Já!
Fatinha não disse nada. Dona Catarina saiu do quarto, arrastando os chinelos. Lita foi atrás dela, tentando convencê-la. A chuva havia cessado repentinamente. O sol despontava no horizonte. Os pássaros cantavam. E Fatinha, saindo de casa para abandonar o gato, estava muito triste. Lita, olhando a filha caminhando devagarinho e segurando com tanto amor o gato, começou a chorar. Dona Catarina viu as suas lágrimas e ficou comovida. Ela disse:
- Lita, chame Fatinha pra voltar com o gato!
Lita, pulando de alegria, saiu correndo e gritando:
- Fatinha... Fatinha! Volte! Sua avó deixou...
A menina parou e enxugou as lágrimas. A vovó deixou ela ficar com o gato. Legal! Voltou pulando de alegria, beijou a mãe no rosto e disse:
- Meu gatinho está muito feliz!
Em casa, dona Catarina, olhando as duas abraçadas com o bichinho, concluiu:-
A gente não podia abandonar esse animal... Ele morreria de fome. É melhor cuidar dele.
Rubo Medina
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